O que mais lamentei na primeira gravidez foi nao a ter conseguido aproveitar ao maximo.... Não podia passear a minha barriguinha, não podia procurar com calma as roupinhas para o bebé, as coisas para o quarto, a puericultura...O pouco que comprei durante a gravidez foi quando no setimo mês o medico me deu luz verde para ir comprar o que fazia falta. Mas eu sabia que não podia abusar. E com 7 meses de gravidez o apetite para compras também ja nao era muito. Já me cansava mais e já tinha uma valente barrigona. Sim...porque na foto que publiquei da gravidez, ainda estava de 7 meses! Ou achavam que ia meter uma do final da gravidez onde parecia uma bola? 🤣 Essas nem tenho coragem de mostrar 🙈🙈🙈
Estar trancada em casa durante quase 6 meses é horrível... É por uma boa causa claro, mas a uma determinada altura eu só já quereria que o tempo passasse rapido e que o bebé nascesse para retomar a minha vida, para poder organizar a minha casa e comprar o que ainda fazia falta para o quarto do bebé e para o bebé.
O Gui nasceu às 37 semanas... Dia 11 de Janeiro de 2014 senti-me estranha o dia inteiro. O Hugo só dizia " vai ser hoje". Deviam ser 23horas quando perdi o rolhão mucoso. O médico que me acompanhava tinha deixado bem claro que como a gravidez era de risco, se perdesse o rolhão mucoso ou rebentassem as águas, tinha de ir logo para o hospital. Então segui à risca o que ele recomendou... Fui acordar o Hugo (que ja dormia e que ate ficou desnorteado quando lhe disse "acho que é agora") e fomos para o Hospital. No hospital apanhei um medico daqueles "que parece que todos lhe devem e ninguém lhe paga".
- Porque está aqui? - perguntou-me ele.
E eu expliquei-lhe...
- Só por isso? - diz ele...perder o rolhão não é sinal que o bebé vá nascer logo!
Respirei e voltei a repetir que só estava a cumprir ordens do médico...
Mandou-me deitar na marquesa ginecológica para ver se tinha alguma dilatação.
- Uiii... Isto só daqui a uma semana mais ou menos. Pode ir para casa descansada! - disse-me ele.
E lá fui eu para casa... Quando cheguei a casa era quase 1 da manhã. Fomos para a cama e o Hugo aterrou logo. Eu não conseguia adormecer... Comecei a sentir dores que foram aumentando progressivamente. Em pouco tempo as dores eram horríveis. Sentia a dor...depois parava, depois voltava...
Serão contrações? - Pensei eu...
Peguei rapido no telemovel e comecei a contar o intervalo de tempo entre a primeira dor e a outra a seguir...O intervalo era de 5 minutos!
- Ai meu Deus...sao CONTRAÇÕES DE TRABALHO DE PARTO! - Disse para mim mesma...
Fiquei sem saber o que fazer, tinha receio de ir para o hospital e de apanhar novamente o mesmo medico. Mas as dores eram horríveis e estavam com um intervalo de tempo de 5 minutos entre elas, eu tinha a certeza que eram contrações e que pelo curto intervalo de tempo, o parto estava para breve. Não quis acordar logo o Hugo, por isso procurei ajuda de outra forma. Lembrei-me de ligar para a saúde 24... Quando atenderam expliquei tudo direitinho e eles disseram-me que tinham a certeza que eram contrações e que o bebé não demoraria a nascer. Entretanto disseram-me que precisavam dos meus dados e pediram-me todos os dados e mais alguns. Ja me custava a falar com as dores horriveis das contrações e ainda tinha de estar à procura, no cartão de cidadão, dos números que me iam pedindo 🥴 Quando preencheram tudo o que tinham para preencher disseram-me: - Vá imediatamente para o hospital...e como está longe do hospital se lhe rebentarem as águas parem e carro e ligue imediatamente para nós para mandarmos uma ambulância!
Desliguei a chamada e la fui acordar o Hugo.
- Mor...acorda...é agora, vai nascer!
Eram duas da manhã...ele deu um pulo da cama completamente desnorteado. E lá fomos nós... Pelo caminho eu só desejava nao apanhar o mesmo medico!
Quando entrei nas urgências as dores já eram insuportáveis. Dirigi-me à senhora que estava a tirar as fichas e que me questionou logo: - Você ja não esteve à pouco aqui?
Expliquei-lhe o que tinha acontecido e ela respondeu-me: Dê-me só o seu nome e vá rapido para cima que ja vou ligar para lá para ficarem à sua espera. Quando cheguei acima mandaram-me entrar logo. Fizeram-me a CTG enquanto expliquei tudo, e a enfermeira disse logo que realmente já estava com contrações de parto e que estavam com um intervalo muito curto. Terminada a CTG, mandou-me para o consultório do médico. Graças a Deus não era o mesmo, pensei que teria mais sorte mas afinal...entre esse e o anterior "viesse o Diabo e escolhesse". Para ver a dilatação parecia um carniceiro.
- Isto está muito atrasado, não tem dilatação nenhuma! - disse ele com ar sisudo.
O meu pensamento foi logo "queres ver que te vai mandar para casa?"
Mandou-me vestir e sentei-me em frente a ele. Começou a escrever no computador... Escrevia, escrevia, escrevia....e não dizia nada. E eu tola já...por não saber o que me ia acontecer. Ate que, de repente, o vi pegar numas folhas e a de cima tinha como titulo "Internamento".
- Graças a Deus! - pensei aliviada...
Preencheu as folhas e mandou-me ir atrás da enfermeira. A enfermeira foi-me fazendo perguntas e explicou-me o que ia acontecer.
- De 0 a 10 como classifica a sua dor? - perguntou ela.
- Oh enfermeira eu só não vou dizer 10 por vergonha! - respondi eu.
Ela sorriu e disse-me: - As contrações por si só ja são dolorosas, mas numa grávida com SOP, como é o seu caso, sao piores ainda!
- Uauuu. Que sorte a minha! - respondi-lhe eu com um sorriso.
Por acaso era um amor a enfermeira. Perguntou-me se queria epidural e eu respondi que sim. Explicou-me que me ia dar uma injeção no rabo para ver se me ajudava com as dores. Disse-me que em algumas gravidas resultava mas noutras não. Que sorte a minha que pertenci à lista das que não resultou 😩
Passei o resto da noite com dores horriveis. De manha foram controlando a dilatação, para ver se atingia a dilatação necessaria para me darem a epidural. Como não dilatava nada, acabaram por me dar uma injeção para me ajudar a dilatar. No final da manhã disseram-me que ja me podiam dar a epidural. A enfermeira explicou-me que viria a anestesista e que quando ela pedisse teria de a avisar quando a contração estava a vir e depois quando estava a ir embora, para ela espetar a agulha nessa altura. Isto porque nao me poderia mexer enquanto ela espetava a agulha, e como durante a contração não ia conseguir estar quietinha, a anestesista teria de espetar a agulha no final da contração.
A anestesista entrou no quarto, preparou tudo e pediu-me para me deitar de lado e para puxar o joelhos contra a barriga por forma a ficar arqueada. Era dificil manter-me nessa posição sempre que vinha uma contração. Tentei dar o meu melhor e fiquei à espera que ela me pedisse para a avisar quando viesse uma contração, tal como a enfermeira me explicou. O problema é que ela não me pediu nada e decidiu começar a picar-me...exatamente na hora da contração, no momento em que estou em sofrimento, ela pica-me. Como picou sem contar e num momento de dor horrivel o meu corpo teve reação imediata e mexeu-se. Ela só gritava "esteja quieta". Picou-me 5 vezes até acertar com o sitio. Eu ja transpirava com tantas dores e ja estava arrependida de ter pedido a epidural. Ela picava à sorte, quase sempre durante contração, e acertava sempre no osso da coluna. Parecia que ate ouvia a agulha a bater no osso. A enfermeira olhava para mim com um olhar de pena e fazia-me festinhas na maos e na cabeça e dava-me beijinhos na testa. Sentia-me como se estivesse a minha mãe ali comigo. Foi um amor mesmo ela...Tirando os dois medicos, que me atenderam nas urgencias e a anestesista, tanto as enfermeiras como a obstetra foram do melhor que há...
Quando finalmente a anestesista acertou com o local, e me deu a epidural, passado um bocado a epidural começou a fazer efeito e finalmente pude respirar um pouco de alivio e descansar...
Mais tarde finalmente senti que o bebé tinha encaixado e pedi ao Hugo para chamar a enfermeira. A enfermeira veio e confirmou que o bebé tinha encaixado e que tinha chegado a altura de começar a puxar... Fartei-me puxar... Puxei como "se nao houvesse amanha". Eu propria não sabia onde ia buscar tanta força e elas só me diziam que estava a correr lindamente e que me estava a portar muito bem... Lembro-me que durante o parto elas diziam que eu tinha muita retenção de liquidos. Era só água a sair...E também não me rebentaram as águas, foram elas que tiveram de fazer a rutura da bolsa!
Entretanto chegaram as 16h e a enfermeira explicou-me que ja faltava pouco para o bebé sair, mas que teria de parar de puxar durante um bocadinho porque iam fazer mudança de turno.
O meu pensamento foi "A serio?". Eu estava exausta queria terminar com aquilo rapidamente e ainda iria ter de esperar enquanto trocavam de turno. Além de que tinha receio que a equipa seguinte não fosse tão querida como a que tinha estado comigo durante o dia. Mas graças a Deus a mudança de turno foi rapida e a equipa que veio a seguir também era espectacular... Eram uns amores. Voltamos rapidamente aos puxos... Lembro-me delas dizerem que já dava para ver o cabelinho. Perguntei logo: - É loiro?
Elas responderam afirmativamente. Correu uma lagrima de alegria pelo meu rosto. Sempre desejei ter um bebé loirinho ❤
Entretanto comecei a ficar cada vez mais exausta de puxar. Eu puxava puxava, mas ele não descia mais. Entao elas foram pedir ajuda à obstetra, que por sinal também era um amor. A obstetra pediu ao Hugo para fazer força na minha barriga e para emburrar o bebé com força para baixo. Mas o Hugo não fazia a força necessária (talvez com medo de nos magoar) e entao a obstetra mandou-o desviar-se, colocou-se dobrada sobre a minha barriga e com os braços dobrados foi fazendo força para empurrar o bebé. O problema é que fez tanta força e empurrou tanto que fiquei cheia de dores (no dia seguinte ninguém me podia tocar na barriga, ficou mesmo pisada). Mesmo com toda a força, o bebé nao saía e elas explicaram-me que eu ja estava exausta e que tanto eu como o bebé ja estavamos em sofrimento e que por isso tinham de acabar com aquilo o quanto antes e tinham de usar a ventosa para o ajudar a nascer. Tive medo pelo bebé, mas elas descansaram-me dizendo que não lhe faria mal, que só ficaria com uma marquinha na cabeça no sitio onde colocariam a ventosa, mas que depois iria desaparecer.
E pronto... foi assim que veio ao mundo o meu Guilherme, às 17h40m do dia 12 de Janeiro de 2014, com 2735gr e 46 cm 💙
Continua...
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