Consegui chegar às 37 semanas de gravidez e finalmente ja podia respirar de alivio porque a partir das 37 o Afonso ja podia nascer a qualquer altura...
Os dois ultimos meses de gravidez foram horriveis na parte de dormir. Mal me deitava na cama o Afonso nao me deixava dormir nadinha. Não parava um minuto dentro da barriga. E quanto mais apertado ficava e menos espaço tinha para se mexer, mais me magoava... Com o Gui nesse aspecto foi mais facil, o Gui na minha barriga era mais calmo. Cá fora foi o oposto....cá fora o Gui passou as noites sem dormir ate aos 4/5 meses (gritava e chorava toda a noite) e o Afonso foi um anjinho a partir do primeiro mês. No primeiro mês passou uma fase mais complicada mas mais para a frente conto-vos o motivo...
Na consulta das 37 semanas a minha obstetra disse-me que o parto ainda estava muito atrasado e que tinha quase a certeza que eu ia chegar às 40 semanas. Só que depois assustou-me quando me disse o peso com que o Afonso ja estava às 37 semanas. Ela disse que se ele nao nascesse antes das 40 semanas, que ia ser um bebé enorme. Isso assustou-me porque pensei no parto do Gui...Se o Gui era tao pequeno e custou tanto a passar (teve de ser puxado a ventosas) porque segundo o que me disseram eu sou estreita na anca, entao com o Afonso o que eu nao iria sofrer. Comentei logo com a obstetra e ela torceu a cara. Perguntei-lhe se poderia ter problemas no parto caso fizesse parto normal e ela respondeu-me que talvez. Fiquei muito assustada e perguntei-lhe se me aconselharia uma cesariana. Ela respondeu-me que nao lhe podia colocar uma questão dessas a ela porque eu podia achar que a resposta dela seria para ganhar dinheiro às minhas custas. Eu pedi-lhe por favor que me respondesse com a maxima sinceridade pois nao queria colocar-me nem a mim em perigo, nem ao bebé, e ja tinha ouvido muitas histórias de grávidas que durante o parto ficaram varias horas em sofrimento, porque nos hospitais publicos, só mandam para cesariana depois de tentarem tudo no parto normal e depois de verem que a mae e o bebé ja estao em sofrimento. Todas essas historias assustavam-me...
Ela respondeu-me: "Se quer que seja mesmo sincera é um risco o parto normal com um bebé tao grande dado o que passou no anterior. Pode correr bem como pode nao correr. Mas cabe-lhe a si tomar a decisao. Vá para casa e pense com calma... Se decidir fazer cesariana ligue-me e tratamos da papelada".
Saí do consultório muito assustada. Eu nao queria uma cesariana, nao fazia de todo parte dos meus planos! Por outro lado tinha receio que o parto normal corresse mal. Liguei com a minha mãe, precisei do conselho dela. A minha mãe claro que assustada com o que a medica disse, aconselhou-me logo a marcar a cesariana.
Liguei com a minha seguradora para saber preços. A cesariana iria ficar-me por 500 e poucos euros. Pensei: "É o meu subsidio de ferias...vou usa-lo para que o meu filho nasça bem e nem eu nem ele estejamos em sofrimento."
Liguei para a obstetra e pedi-lhe para avançar com a marcação da cesariana. Mas pedi-lhe um favor... Disse-lhe que podia marcar para qualquer dia, menos para o dia 29 de Julho (porque fazia um ano que a minha avó tinha morrido), e eu nao queria mesmo que ele nascesse nesse dia.
No inicio da gravidez quando me deram a data provavel do parto, lembro-me que era para o início de Agosto, como o Gui nasceu às 37 semanas pensei logo que se o Afonso nascesse antes poderia nascer no 29 de Julho! Vocês nao imaginam as vezes que rezei e implorei à minha avó a pedir-lhe para que não o deixasse nascer nesse dia...Não queria mesmo!
A cesariana ficou marcada para dia 30 de Julho às 20h:30m no hospital da Trofa. Passei o dia 29 muito nervosa e a sentir-me estranha... Mas também foi um dia complicado porque fazia um ano que tinha perdido a minha avó, e porque tinha uma cesariana marcada para o dia seguinte. Acho que é mais facil quando é parto normal porque nunca sabemos quando vai acontecer e do Gui pelo menos nao passei os ultimos dias tao nervosa e stressada...
Nessa noite do dia 29 para o dia 30, ate o sono estava a custar a chegar... Deitei-me passava pouco da meia noite e sempre com uma pequena indisposição. Pouco depois de me deitar senti e ouvi um estouro na minha barriga. Coloquei as maos na barriga e só disse: "O meu bebé". Chamei pelo Hugo (que já estava a dormir), assustada e a tremer. Pensei que tinha acontecido algo de mau ao bebé. Mas quando me levantei da cama comecei a sentir a agua a correr pelas pernas abaixo. Percebi que a bolsa de agua me tinha rebentado. O Hugo todo contente, e eu só dizia: "Nao pode ser...tenho uma cesariana marcada para logo à noite" Ao que o Hugo me respondeu: "Tinhas!"
"Nao percebes que se o bebé nao passar isto vai correr mal" - disse-lhe eu!
"Vai nada...vai correr tudo bem, vais ver!" - respondeu ele...
Tomei um banho, levamos o Gui aos avós paternos e quando chegamos ao hospital ja passava das duas da manhã. Nessa altura as dores das contrações ja eram horriveis e percebi que a coisas ja estavam mais avançadas do que quando foi do Gui!
Expliquei à enfermeira que me atendeu nas urgencias que tinha cesariana marcada para aquele dia e o motivo, e ela pediu-me para avisar disso na sala de partos.
Internaram-me e quando dei entrada no quarto da parte dos internamentos, mandaram-me dormir um bocadinho enquanto a dilatação nao aumentava. Eu respondi à enfermeira que era impossivel dormir com as dores que tinha. Ela deu-me uma injeção para as dores, mas a injeção foi como agua...não fez nada!
Deviam ser 7 horas da manha quando, cheia de vergonha, chamei a enfermeira e lhe disse que nao aguentava mais as contrações, que eram piores do que as do parto do Gui. Pedi-lhe por tudo a epidural. Ela respondeu que nao me ia fazer sofrer mais e que me ia levar para a sala de partos para levar a epidural. E assim foi... Levou-me para a sala de partos, mais uma vez tive a sorte de apanhar uma equipa fantastica. Desta vez ate a anestesista era espetacular. Logo na primeira picada conseguiu dar com o sitio certo na coluna... Fizemos o tal trabalho de equipa, de eu avisar quando a contração acabasse, para ela picar (coisa que nao aconteceu no dia do parto do Gui). Pelo menos desta vez a epidural nao custou nada! Dada a epidural comecei a sentir o alivio das dores. Falei com a enfermeira que me ia acompanhar no parto acerca do que tinha falado com a obstetra, disse-lhe que tinha cesariana marcada para as 20:30 e que estava com muito medo do parto normal. Ela foi um amor pediu-me para manter a calma, para nao atrapalhar o processo para o parto normal, e prometeu-me que assim que visse que o bebé nao passava, que nao nos colocaria em perigo e que me mandava logo para cesariana. Claro que mesmo assim uma pessoa fica sempre com medo...
O Afonso encaixou muito rápido e nao demorou muito a eu ter de começar a puxar. Eu puxava com todas as minhas forças. A enfermeira parteira era tao descontraída que ate me deixava no quarto, sozinha com o Hugo, a puxar com ele!
A certa altura ela foi ter comigo e disse: "Agora vou ficar aqui consigo, vai puxar com toda a força para avançarmos com isto".
E eu puxei com toda a força... Nao foram precisos muitos puxos para ouvir da enfermeira: "Quer uma boa noticia? Neste momento tenho 99% de certeza que o Afonso vai nascer de parto normal...ele vai passar e vai correr tudo bem!"
Nao imaginam a minha alegria...cairam lagrimas de felicidade pelo meu rosto. Eu sempre quis parto normal e saber que ia conseguir e que ia correr bem foi um alivio tao grande! Nesse momento ganhei forças e puxei como se nao houvesse amanha! Nem eu pensei que ia ser tao rapido quando ouvi da enfermeira: "Ana vai ser o ultimo puxo...puxe com toda a força que ele vai sair neste puxo!"
E assim foi... Puxei com toda a força e trouxe o meu boneco ao mundo, às 38 semanas e 6 dias, no dia 30 de Julho de 2019, às 11h:11m, com 3,485kg e 49cm 💙
Nasceu no dia que fez 1 ano que enterrei a minha avó, mas pelo menos sei que ela me ouviu e nao o deixou nascer no dia que fez 1 ano da sua partida, porque as águas só me rebentaram depois da meia noite!
Foi um parto santo. Nada a ver com o parto do Gui... Correu mesmo muito bem, só sofri um pouco com as contrações, mas após a epidural nao podia ter corrido melhor. Sou muito grata à equipa que me acompanhou. E o mais engraçado é que a auxiliar que esteve comigo na sala de partos trabalhou comigo no meu primeiro emprego. Já não nos viamos há 10 anos e foi muito bom reve-la e tê-la lá comigo. Foi um amor...tratou-me super bem, deu-me muita força na altura de puxar e enquanto estive internada, depois do bebé nascer, ia todos os dias ver-me (mais do que uma vez), e perguntava-me se precisava de alguma coisa. Graças a Deus o mundo ainda está cheio de pessoas fantásticas 🙏❤
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