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❗ E quando o Bulling escolar vos bate à porta?

Este video podia ser só o video de uma simples criança que terminou agora o primeiro ano e que ja adora ler. Ha crianças que acabam o primeiro ano a ler um pouco melhor, eu sei, mas no caso dele cada palavra que lê soa-me a uma vitória...a uma grande vitória dele ❤
Tudo começou em Outubro quando o Gui se veio queixar que lhe doía a cabeça. Vocês não estão a ver a minha aflição quando lhe meto a mao na cabeça e lhe descubro um "alto". Perguntei-lhe se tinha batido com a cabeça e ele responde-me: "nao mamã...deve ter sido de quanto me atiraram contra a árvore ou de quando me atiraram ao chão e me deram pontapés". Imaginem ouvir isto da boca do vosso filho...o meu coração parou nesse instante e segurei as lágrimas para nao mostrar fraqueza em frente dele. Perguntei-lhe se tinha sido só naquele dia e ele respondeu que nao...que lhe batiam quase todos os dias. Fiquei em choque. Tentei perceber porque nunca me tinha contado e respondeu-me que tinha medo...
E começou assim o meu pesadelo...e o dele. Não pensem que ignorei sinais...a verdade é que nao haviam sinais. Porque o Bulling por vezes é muito silencioso...Mas a partir do dia que descobri nao baixei mais os braços. Embora nao tenha sido tao facil de resolver como eu pensei que ia ser...
Em primeiro fi-lo perceber que a mãe é a melhor amiga dele e que pode contar comigo sempre para tudo, inclusive para resolver estas situações. E depois no dia seguinte fui logo à escola. Tentei estar com a professora, mas ainda nao estava na escola. A funcionária queria saber o que se passava e quando lhe contei, ouvi da boca dela um "o seu filho também nao é nenhum santo, anda sempre aqui no recreio a correr e a saltar e onde ha confusões ele está lá". Passei-me...mas tentei controlar-me para nao ser mal educada. E só lhe respondi que nao estava la para dizer que o meu filho era um santo ou inocente, mas sim para tentar perceber se era ele que desencadeava a situação. E perguntei-lhe se era ele que originava as tais confusões das quais ela falava. E ela respondeu que nao...que nao era ele mas que estava sempre perto delas...
Ok...Ora entao vamos la ver...O Gui está numa escola pequeníssima, onde o recreio é pequeníssimo e ainda por cima está dividido em dois. Metade é usado pelo primeiro e segundo ano e a outra metade pelo terceiro e quarto ano. Por isso brincam num espaço minúsculo. Se ha confusões provavelmente nao tem muito para onde fugir e é normal que esteja ao lado. E embora ele nao esteja metido na confusao, segundo a dita senhora, nao é santo por estar ao lado. Nao originava as confusões, nao entrava nelas, ela confirmou que ele nunca bateu em ninguém, mas nao era nenhum santo porque estava ao lado delas. Ah...e porque corria e saltava no recreio. Ou vocês nao sabem que o recreio serve para as crianças estarem sentadinhas à espera que volte a tocar para a entrada na sala? Se calhar dava mais jeito à senhora... 
O Gui sempre foi uma criança muito mexida e activa, fazia alguns disparates, às vezes bastantes até. Tive de ser rígida e rigorosa com ele muitas vezes. Tive de lhe dar bastantes castigos! Mas graças a Deus, agora é um menino doce, prestável, muito mais calmo. Podia ter-se envolvido em brigas e ate podia ter sido ele o culpado, e por isso fui la esclarecer. Fui educada e só disse que precisava falar com a professora para tentar perceber o que se estava a passar ...mas nao foi para puxar a sardinha à minha brasa. Eu nem sabia se ele era inocente. 
A meio da manha a professora ligou-me. Falei com ela e ela respondeu-me que o Gui em contexto de sala de aula se portava muito bem e que nao fazia ideia de que aquilo estava a acontecer. Disse-me que questionou a funcionária e que ela lhe disse que ele nunca bateu em ninguém... Pedi-lhe encarecidamente que tentasse ver o que se passava porque não queria que o meu filho continuasse naquela situação, e pedi-lhe para falar com ele e com os meninos que lhe batiam e ela prontificou-se logo a ajudar...
Mas a verdade é que nada foi feito. Eu fazia perguntas ao Gui e todos os dias ele respondia que continuavam a bater-lhe, que a professora nunca falou com ele, e que no recreio quando lhe batiam a funcionária nunca estava por perto. E o Gui começou a implorar para o tirar da escola. Dizia que detestava aquela escola...chorava e pedia para nao o levar mais para la. Ponderei mesmo tira-lo, mas aqui nao conheço as escolas e a fama delas. E se fosse para igual ou pior? Por isso tentei resolver o problema naquela, para nao o trocar de escola logo no primeiro ano. Marquei reunião com a professora... Fui educada durante a conversa mas ja nao me derreti em simpatia...ate porque ela nao me dava respostas. Eu contava como se sentia o Gui e ela só respondia que ele era feliz na escola e que nao acreditava que quisesse sair. A reunião durou mais de uma hora...eu a mostrar que a situação era grave e ela a desvalorizar. Perguntei-lhe se ja tinha perguntado ao Gui como se sentia. Ela respondeu que nao...Voltei a pedir que falasse com ele e com os meninos! Mas mais uma vez ela nao falou e o pesadelo continuava diariamente...
Por sorte, um dos meninos que lhe batia, é sobrinho da mulher de um primo do meu marido. Eu nao lhe queria dizer nada, mas um dia ela meteu conversa comigo e eu contei-lhe. Ela foi logo contar à mae do menino e a mae do menino foi impecavel. Ligou-me, toda preocupada e a panicar com a situação. Pediu desculpa...Ja tinha castigado o menino e proibiu-o de bater no Gui e nos outros meninos. No dia a seguir estava à minha espera no portao da escola. Disse-me que nem dormiu a pensar que o filho dela fazia Bulling com um menino, que estava de coração partido por imaginar que o Gui detestava a escola por causa do filho. Foi impecável mesmo...Esse miúdo nunca mais bateu ao Gui, ela sempre que nos vê pergunta se o filho nao lhe bateu mais...e nao...com esse resolveu-se mesmo (por um mundo com mais maes como esta 🙏). O problema é que existiam outros dois que lhe batiam constantemente. E a professora nada fazia. Em Janeiro quando entramos em quarentena e o Gui começou com as aulas online, começou outra dura batalha para mim. O Gui nao sabia praticamente nada...O Gui nao tinha aprendido nada! Detestava a escola, detestava aprender! Logo ele que sempre foi tao inteligente estava muito mas muito atrasado. Ele baralhava-se nas letras todas, nao as conhecia....Numa altura em que ja devia conhecer grande parte. E entao começou a minha outra batalha...Fui a professora dele enquanto esteve em casa. Mas tive de começar do 0...tive de recuperar a matéria toda que ele perdeu naqueles 3 meses. Foi difícil porque ele perdeu o gosto em aprender...senti-me fraquejar muitas vezes. Deitei-me a chorar muitas vezes, à noite, principalmente quando era mais dura com ele. Mas consegui 💪 Em Março quando terminaram as aulas online e ele regressou à escola, estava ao nível dos outros. Senti que o meu trabalho árduo tinha valido a pena. Senti que ele tinha sido um herói por ter recuperado tao rápido. Mas ainda existia o pânico da escola...essa parte nao estava resolvida. E quando ele soube que ia regressar à escola implorou-me para o deixar ficar em casa, e disse-me que o maior sonho dele era que o mudasse de escola. Aí o meu coração partiu-se mais um pouco. E prometi-lhe que se naquele mês as coisas nao ficassem resolvidas, que o mudava logo de escola. No primeiro dia bateram-lhe logo...no segundo dia, fui busca-lo ao ATL, estava um dia frio e ele em camisola interior. Perguntei-lhe o que se tinha passado com a camisola de fora. "Está na mochila mamã...os meninos atiraram-me para a lama, sujou-se toda, e olha os que fizeram às minhas calças...descolaram os emblemas todos que tinha nas calças". Segurei as lagrimas porque tinha a funcionária do ATL à minha frente. Só lhe disse: "vamos para casa que isto hoje fica resolvido". Fomos para casa. Escrevi um e-mail para a professora com as lagrimas a correrem-me. Fui fria...muito fria. Disse-lhe que era a ultima vez que falava daquele assunto com ela. Que lhe dei muitos meses e que nada foi feito....Que ia levar o caso à direção da escola...que ia até onde fosse necessário e que o trocaria de escola se a direção nada fizesse. Mas que nao me calaria...que mesmo trocando o meu filho de escola, daria a conhecer a muita gente que ele tinha sido vítima de Bulling naquela escola e que nada tinha sido feito para o ajudarem... 
No dia a seguir ligou-me...calma...a tentar enrolar-me. Com a conversa de que nao devia tirar dali o menino porque ele era feliz la. E eu só lhe disse: "é feliz aí? Como sabe? Alguma vez lhe perguntou como se sente? Alguma vez o viu no recreio? O observou quando está com os colegas? Onde anda a funcionária enquanto lhe batem? É que o Gui diz que quando lhe batem ela nao está lá... A escola nao tem psicóloga? Pois entao leve-o la e ela que lhe pergunte se ele está feliz na escola!" Ela desculpou-se logo dizendo para eu nao pensar que ela estava a desvalorizar a situação, e que nao conseguia consulta na psicóloga porque ela estava muito cheia, nao tinha onde encaixar mais meninos (a isso respondi que se ele tivesse de ser visto por uma, que ia ser pela psicóloga da escola, pois foi a escola que deixou a situação chegar onde chegou. Pediu-me para nao falar com a direção que ela resolveria. E eu respondi que era para resolver no momento...que ou deixavam de lhe bater ou ia falar com a diretora e resolvia à minha maneira, até porque ele tinha recuperado em casa tudo o que nao aprendeu na escola por andar lá infeliz, e que nao o ia deixar regredir novamente! A isso ela respondeu-me que se apercebeu da evolução e de todo o trabalho que fiz com ele, porque nem parecia o mesmo, que estava muito mas muito mais avançado. E pronto...nesse dia percebeu o recado...Nao sei o que foi feito, nem me interessa. Só sei que nunca mais lhe bateram. Já o questionei se agora no segundo ano quer ir para outra escola, mas ele disse que nao. Que adora aquela escola e que agora tem amigos e ja nao lhe batem.  Agora eu vejo que o meu filho é feliz ali. E o meu coração está tao mais quente com isso ❤ Acreditam que agora ao fim de semana até fica triste porque diz que nao quer ficar em casa? Que quer ir à escola para aprender e para brincar com os amigos? Tao bom ouvi-lo dizer que finalmente tem amigos ❤ 
E agora adora aprender...ele que detestava ler simples palavras, agora adora ler livros. E pede-me para lhe comprar livros. Estou tao mas tao orgulhosa deste meu pequeno guerreiro 🥰
Por isso mamãs...observem bem os vossos meninos! Conversem com eles...Tentem perceber se nao passam por algo identico...Incentivem sempre a nao lutar (os meninos hoje em dia só pensam em lutas). E se alguma vez passarem por algo idêntico nao se calem...nao parem ate verem situação resolvida. Eu sempre eduquei o Gui para nao bater, sempre lhe disse "se te baterem, nao batas de volta, faz queixa às professoras ou às funcionárias". Mas nisso acho que falhei como mae. Nao devia ser isto o correto? Acho que devia! O problema é que agora as queixas que ele fazia à professora e à funcionária de nada lhe valeram...E quando eu lhe dizia :"filhinho, quando te baterem defende-te...bate-lhes também! Nunca comeces uma luta, mas se te baterem, defende-te!" 
Sabem o que me respondeu? "Nao mama...nao quero...nao se bate nos meninos!" E isso doeu-me...porque pensei "ele interiorizou de tal modo o "nao se bate", que agora nao bate nem para se defender" 😫
Mas ha escolas que sao uma selva mamãs. Eu nunca mas nunca pensei passar por isto, mas a verdade é que nos dias de hoje temos mesmo de os incentivar a saberem defender-se, porque na verdade...há escolas que simplesmente nao querem saber 💔

E achavam vocês que a T-shirt cor-de-rosa era a minha grande dor de cabeça? Essa resolvi facil...nao leva mais...Usa nas saídas ao fim de semana. Tenho de o deixar passar despercebido nestas situações, para que nao dê passos para trás,  agora que andou tantos para a frente. Agora que deixaram de lhe bater nao convém passar por Bulling psicológico, porque esse tambem magoa. Agora que anda tao feliz naquela escola, bora lá arrumar as t-shirts cor-de-rosa e deixar que continua a sentir-se assim...simplesmente feliz! ❤

Obrigada por todas as mensagens que me foram enviando desde ontem à noite...Vocês aquecem-me sempre o ❤

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